quarta-feira, 25 de março de 2009

Duas palestras:

Vampirismo

Alexey Dodsworth e Roseane Debatin


Se você acha que vai ler uma longa dissertação sobre castelos da Transilvânia, alho, espelhos e estacas pontudas, a conclusão deste artigo pode ser surpreendente: o vampirismo – no nível comportamental – existe no cotidiano, e representa um recurso bastante comum de monopolizar a atenção e as energias do outro.

Este artigo é o registro de uma palestra promovida por Constelar no Rio de Janeiro no dia 13 de agosto de 1999 - uma sexta-feira 13, dois dias após um eclipse. A proposta do evento era apresentar uma visão transdisciplinar sobre o tema, unindo, no caso, um astrólogo (Alexey) e uma médica homeopata (Roseane).

A palestra de Alexey
Antes de falar sobre vampirismo, vamos fazer uma pequena viagem no tempo e nos reportar ao simbolismo presente na Esfinge. Podemos identificar na Esfinge, uma figura mitológica híbrida, a presença de quatro figuras distintas: um rosto humano (Aquário), asas de águia (uma dimensão do Scorpio), corpo de touro (Taurus), e garras de leão (Leo).

Estas quatro imagens zodiacais se referem aos quatro signos fixos do zodíaco, ou "quatro pilares do templo", que representam a FORÇA CONCENTRADA de cada elemento.

Em ocultismo, existem quatro "leis" que o estudioso precisaria seguir, para que sua obra surtisse efeito. Podemos estender estas "leis" para a própria vida cotidiana, ou seja: serve até pra quem não curte ocultismo. São quatro verbos que, segundo a tradição, operam milagres quando compreendidos.

Seriam elas: Saber – Querer – Ousar – Calar

Podemos associar o SABER ao signo de Aquário, concentração do elemento Ar. O QUERER, a Vontade, pode ser associada a Leão, concentração do elemento Fogo. O OUSAR nos reporta a Escorpião e sua imagem de garra pronta para o ataque, concentração do elemento Água. E o CALAR, enfim, nos transporta para a figura do Touro, concentração do elemento Terra.

A distorção destes quatro princípios na vida prática nos conduziriam ao chamado processo de vampirismo. As razões desta distorção são inúmeras. O ser humano, por motivos os mais variados, "desaprendeu" a arte de entrar em contato harmônico com a natureza, absorvendo dela a energia necessária para o próprio bem estar. Estamos, quase todos, o tempo todo tentando sugar energia uns dos outros, através de mecanismos de jogos psicológicos que nem sempre nos são claros. O que chamamos de "relacionamento" pode ser perfeitamente chamado de "jogo de vampirização", onde os personagens do sugador e da vítima se revezam o tempo inteiro. A gente sempre troca, e não há quem não tenha cumprido o papel de vampiro ou o de vítima, uma vez na vida.

Os distúrbios vampirescos são bem ilustrados pelos valores distorcidos dos quatro signos fixos do zodíacos. Por que os fixos? Porque eles representam a expressão máxima de concentração do elemento. Reza o mito, aliás, que a Esfinge atacava os viajantes e dizia: "Decifra-me, ou devoro-te". Podemos fazer uma livre associação com o vampirismo e perceber a seguinte imagem: "entenda as minhas energias, caso contrário te sugo!"

Os quatro mecanismos de vampirização seriam os seguintes:

O Agressor
Correspondente ao princípio distorcido de Leão, o agressor se faz valer da violência e da intimidação para manipular, controlar, esvaziar as energias alheias. Antes que alguém diga: "minha mãe faz isso e não é leonina!", respondo: todos nós temos Leão em algum lugar do mapa. Um estudo apurado do mapa pode permitir compreender O QUE ativa o mecanismo agressor de sua mamãe. Além do agressor, temos o seu complementar psicológico:

A Vítima
Associado ao simbolismo distorcido de Escorpião, a vítima vive em busca de situações que confirmem que ela é uma pobre miserável. Dentro da simbologia escorpiana há a capacidade horrorosa de fazer as pessoas se sentirem culpadas. Mexe com o emocional, elemento Água. É interessante observar que um agressor gera outro agressor, ou uma vítima; uma vítima gera outra vítima, ou atrai um agressor.

O Indiferente Mudo
Obviamente associado ao princípio distorcido de Touro, o indiferente mudo escangalha a energia alheia e chupa-a toda através do silêncio mortal, estilo "o que você tem meu bem?"; "nada...", responde o vampiro, mergulhando em inenarrável silêncio. Isso perturba as pessoas, ou pode atrair/gerar o outro tipo, chamado:

O Falador
Associado ao princípio distorcido de Aquário, o falador fala até matar. Pergunta, questiona, quer respostas, quer racionalizar tudo, quer psicologizar tudo, e vem com chavões, frases feitas, clichês e formuletas prontas, analisando-nos até que não nos reste mais energia. Um mudo atrai outro mudo, ou um falador; o falador atrai um igual, ou um mudo.

É interessante verificar o posicionamento dos quatro pilares no mapa e avaliar como pode funcionar o vampirismo, simplesmente conhecendo o Ascendente.

Vou citar como exemplo uma pessoa de meu círculo íntimo que tem ascendente em Libra. Ela sempre se faz de vítima com dinheiro (Escorpião na casa 2) quando quer perturbar alguém por esta via. Já com os amigos ela é agressiva quando se sente perturbada (Leão na casa 11), e com os filhos e parceiros românticos ela desempenha o irritante personagem de psicóloga junguiana (Aquário na Casa 5), cheia de respostas para o problema alheio. Para completar o quadro, seu último parceiro comentou, num momento de briga: "Por que quando você quer me agredir fica muda quando fazemos sexo??? Quando a gente termina, eu pergunto: ‘Gostou?’ E a resposta é um olhar morto, e um ‘sim’ chocho!". Touro na veia da casa 8.

Claro que estou citando um caso típico e extremo de uma vampira de energias. Nem todo ascendente em Libra usa seus potenciais de forma tão distorcida. Há o lado luminoso.

Os signos fixos são os que manifestam de forma mais evidente o mecanismo vampirizador, pela simples razão de que são "gravitacionais", atraem tudo para si, são centralizadores e expressam melhor o potencial de manipulação. Todos os outros signos, entretanto, podem manifestar as qualidades vampirescas atribuídas aos quatro elementos. O Fogo, a agressão; a Água, o comportamento de vítima; a Terra, a muda indiferença; o Ar, a compulsão faladora.

O mapa astrológico pode servir como um instrumento que nos permite compreender, dentre os quatro mecanismos de manipulação, quais os que mais utilizamos. E, através da consciência, vem a transformação, com muita boa vontade e um monte de disposição para se encarar a própria sombra. Antes de combatermos a "energia negativa" que vem de fora, o primeiro processo envolve o confronto com o inimigo interior – a Esfinge. E na Astrologia está a chave para decifrar seu enigma, para que ela não mais nos devore.

A palestra de Roseane
Toda matéria (inclusive de nosso corpo físico) é constituída de arranjos de partículas atômicas e subatômicas, tal como os elétrons, e estes possuem duas propriedades diferenciadas e até mesmo opostas coexistindo num mesmo objeto, de onde surgiu o conceito de “complementaridade”. Aliás, esta é uma referência comum à visão do Universo pelos chineses, nos conceitos de Yin e Yang. No século XX, os cientistas perceberam que os elétrons exibem simultaneamente comportamentos complementares de ondas e de partículas. Duas propriedades mutuamente exclusivas coexistem no interior de um elétron e esta é a essência do princípio de complementaridade, a explicação física e científica para as energias opostas e complementares do Yin e do Yang. A dualidade onda/partícula das partículas subatômicas é um reflexo da relação entre matéria e energia, estudada primeiro por Einstein, no início do século, e sintetizada na famosa equação E=mc2.

Sabe-se atualmente que matéria e energia são intercambiáveis e interconversíveis. Por exemplo, quando um raio cósmico – um fóton de luz altamente energético – passa próximo de um pesado núcleo atômico, deixa a sua marca sobre o filme ao converter-se espontaneamente num par partícula/antipartícula. A energia literalmente transforma-se em matéria, e o inverso pode ocorrer quando matéria e antimatéria se encontram e aniquilam-se mutuamente, liberando grande quantidade de energia. No momento da conversão da energia em matéria, o fóton (um quantum de luz ou energia eletromagnética) reduz a sua velocidade para tranformar-se em partícula e, ao fazê-lo, passa a ter algumas propriedades atribuíveis à matéria (massa, por exemplo). Ou seja: um “pacote de luz” teve a sua velocidade diminuída e foi congelado. Então, a partir de uma visão microcósmica, toda matéria é luz congelada.

Atribuindo este conceito de “luz congelada” aos sistemas vivos, a matriz celular do corpo físico é simplesmente energia em desaceleração e com padrões de organização ditados pelo modelo bioenergético do corpo etérico que, por sua vez, foi moldado por um “DNA espiritual”. Esta nova visão do corpo humano como um campo especializado de energia é uma revolução no pensamento médico vigente e desperta a ira dos reacionários. Enquanto o modelo newtoniano de cura se baseia nas interações moleculares (como enzimas e receptores), o novo modelo einsteiniano nos mostra como compreender o mundo das partículas subatômicas e o campo de energia gerado por elas.

Hahnemann, médico do século XIX que descobriu a homeopatia, observou que os remédios produziam uma doença similar àquela que o corpo estava tentando eliminar. Então, ele tentou empiricamente “casar”os sintomas das doenças que desejava tratar com aqueles produzidos pelo teste do remédio numa pessoa sã. Assim, por exemplo, um paciente X com resfriado estaria vibrando numa freqüência diferente de seu estado normal, que seria 300Hz. Suponhamos que sua freqüência, ao ficar resfriado, esteja em 180Hz, e que, ao ser-lhe administrado um remédio chamado Allium cepa em alta potência (cujos sintomas produzidos em homem saudável são espirros, coriza clara e lacrimejamento), o paciente X elevasse a sua freqüência vibratória de volta aos 300Hz, curando-se de sua gripe quase instantaneamente. Portanto, o que Hahnemann talvez tenha feito foi igualar empiricamente a freqüência do remédio homeopático com a freqüência do indivíduo doente. Quando o médico “casa” os dois métodos terapêuticos, eletroacupuntura e homeopatia, ambos agem por sinergismo, modificando a freqüência orgânico-psíquica do paciente, que passa a se tornar um mal “hospedeiro”, digamos assim, para aquela doença.

No caso do vampirismo, que seria um desequilíbrio psíquico-emocional no dia a dia de nossos relacionamentos – mãe e filho, amigos, marido e mulher etc. – esta freqüência vibratória do campo energético sutil tenderia a baixar. Por exemplo, de 300Hz para 150Hz no caso de um controlador ciumento e sua vítima, ambos se alimentando da energia um do outro – provocando uma série de disfunções orgânicas tanto em um, como no outro, onde o sintoma-chave deste vampirismo seria: infelicidade e insatisfação íntima. A foto kirlian confirmaria essa transfusão patológica de energia e, como sugestão eficaz de tratamento, a eletroacupuntura restabeleceria o equilíbrio energético yin-yang tanto para o vampirizado como para o vampiro, e a homeopatia elevaria a freqüência vibratória dos indivíduos, fazendo com que eles deixassem de se sentir afetados um pelo outro. O controlador ciumento se sentiria talvez mais feliz e consciente de seus padrões desequilibrados com uma boa dose de Lachesis, enquanto a vítima reavaliaria seu papel de vítima na vida, deixando de atrair controladores, tratando-se com Pulsatilla ou Silicea.

As especialidades médicas que levam um conta o paradigma holístico, como a homeopatia e a acupuntura, consideram o paciente como uma totalidade psicofísica individualizada e diferenciada. Não existem dois indivíduos idênticos, e compreender este ser único que cada paciente representa é um dos objetivos da anamnese. O homeopata, por exemplo, não está interessado apenas em inventariar os sintomas patológicos do paciente, mas em compreender sua personalidade e perceber como ela seria, em estado de equilíbrio. O que chamaríamos de equilíbrio e normalidade varia de indivíduo para indivíduo, já que cada um representa uma expressão particularizada da energia vital. Neste sentido, homeopatia, acupuntura e astrologia compartilham da mesma visão. Se bem que os médicos que adotem a visão ortodoxa do academicismo oficial torçam o nariz para isso, a colaboração entre o astrólogo e o médico pode lançar luz sobre a compreensão de estados patológicos. Estar doente é estar em dessintonia com o próprio padrão energético ou, em outras palavras, é não vivenciar corretamente o próprio mapa.

Exigir excesso de atenção, solicitar o tempo todo a aprovação alheia ou condicionar a própria segurança ao controle e escravização do outro são sintomas de que os mecanismos de recomposição energética do indivíduo não estão funcionando a contento. Por trás de qualquer comportamento que podemos definir como vampiresco esconde-se um processo de carência e de dependência energética.

Na verdade, o grande tratamento definitivo do vampirismo na velha humanidade seria a reintegração do homem com a natureza e o macrocosmo. A vida nas grandes metrópoles, com pessoas se debatendo o tempo todo em instituições públicas ineficientes, morando como pombos em prédios enormes, dividindo as ruas com cães, ratos, baratas e lixo, fatalmente leva ao relacionamento vampiresco entre seus semelhantes e até com animais domésticos. Necessitamos urgentemente de uma reavaliação de nosso paradigma de vida e, se isso não acontecer logo, vamos nos engolir uns aos outros, num processo contínuo de destruição. Neste processo, onde ninguém leva a melhor, todos são apenas os perdedores para o arquétipo da esfinge interior.

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Reinício em 11/02/2011