sábado, 12 de março de 2011

Quem aqui vem sabe  e se não sabe informo, que sou batalhadora, que minhas condições de vida foram um pouco adversas, mas que apesar disso e até, talvez por isso mesmo, estou aqui, sobrevivente. Não gosto muito dessa palavra: sobrevivente, parece que é uma acontescência sobra do acaso. ( É sobra mesmo, mas tambem pode ser lido como obra), mas no caso é algo conquistado duramente. Tá, com um tantinho de sorte e ajuda tambem.
Dessas minhas lutas sobraram muitas cicatrizes, falo principalmente daquelas psicológicas, já que as do físico não me incomodam, mesmo que tenha várias, a primeira na face, deixada no dia que nasci. A primeira na alma, anterior a do físico, talvez no dia em que fui concebida e certamente durante o tempo em que estava sendo gestada e negada. E por aí vai.
Eu sempre arrastei uma enorme culpa por não ser daquelas mamãezinhas conforme devem ser as Mães. Não conseguia fazer comidinhas especiais todos os dias ou noites - mas comida nunca faltou, mesmo que divididas as guloseimas, afinal eram tantas crianças. Nunca faltou teto, roupas, folguedos, lazer e atividades culturais que suprissem mìnimante as necessidades de desenvolvimeto das crianças e creio, tambem de desenvolvimento afetivo. Faltava ao trabalho ou contornava, para comparecer as atividades de escola na maior parte das vezes: joguei queimado, hand ball, gincanas de ovo, corridas do saco suficientes para completar uma maratona, corridas com batatas na colher, virei cambalhotas em publico, dobrando e vencendo uma enorme timidez, criando um personagem até, para prosseguir; cheguei a ganhar premios em festas de mães; frequentei reuniões escolares intermináveis para pais e mães e o que mais era necessário, mesmo que eu sentisse uma inutilidade naquilo tudo. Mas as mães iam, os filhos sabiam e cobravam, como eu poderia não comparecer? Proporcionei atividades extras na medidas de meus próprios e únicos recursos, descobrindo coisas "mais em conta", bolsas de estudo, danças, lutas, ginastica, música, a cada um dando a oportunidade de buscar descobrir seus talentos, mesmo que muitas vezes não pudéssemos ou quisessem dar continuidade, mas pouco fiz pudins e empadões. Durante muito tempo proporcionei quem fizesse, a ajudante de tarefas do lar, até quando foi possivel manter uma. mas aí já eram adolescentes. Até hoje, já aposentada ou com tempo, não sei preparar lanchinhos ou almoços e jantares especiais, salvo  certos dias obrigatòriamente especiais onde me desdobro alem das minhas limitações.
E cometi tambem muitos erros e penitencie-me e peço perdão até hoje por eles, mesmo que não intencionais e decorrentes de covardia ou medo.
 Eu sei que fui uma mãe medíocre, enquanto me desdobrava para ser tambem o pai e olha que fui um bom pai de tantos filhos largados pelo pai.  Mas gente como dói  desde que ouvi e ainda ouço a voz dizendo que fui a pior mãe do mundo. Sabe por que essa voz não some ? Por que certamente é o que pensa  quem é dono daquela voz, pois nunca se retratou, para que eu tente acreditar que não é isso que pensa..
Mas não fui a pior mãe, tenho certeza. E fui um ótimo pai, tambem sei.  Olho em volta, vendo como são as coisas, buscando termos de comparação e de avaliação.
Eu já ouvira isso há tempos atras de uma outra pessoa, que desde então, por considerar demasiado ignorante decidi que não faria parte de minhas amizades, mesmo que seja obrigada a uma convivência social mínima, o que fica menos difícil quanto mais o tempo passa. Esta dor tambem vai diminuir, eu sei, só preciso de tempo, que me deem tempo, já que não reconhecem a necessidade de pedido e atos que comprovem ou demonstrem que querem ser desculpados se é que querem.. Eu preciso de tempo, muito tempo para cicatrizar, sem que a promoção de outros eventos equivalentes venham a arrancar a casca da ferida.e pôr a sangrar de novo.
Tempo para esquecimento, recolher-me em minha toca para lamber as feridas, para cuidar de mim, para não desaparecer na falta de vontade de viver.
Me perdõem pois, por mais esta fraqueza, esta incapacidade e se possivel, evitem magoar-me novamente, pois " meu copo está até aqui de mágoa " e precisa evaporar um pouco antes de prosseguir. Preciso resgatar minha auto estima, tão em baixa.

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Reinício em 11/02/2011