sexta-feira, 11 de junho de 2010

PAULICÉIA


Na Tietê, São Paulo marginal,
morta
As majestosas negras aves
não estão aí, não existem,
não há o que livrar da decomposição
corpos cadáveres apodrecendo
dos cães mortos nas sarjetas,
em fila

Correm e ou arrastam-se
os morto-vivos humanos
presos em seus reluzentes sarcófagos
de lata.
Vivendo em metal
correndo em vão.
Pensam que sabem para onde.
Pensam que sabem por que.

Correm pelo cinza-sangue da Terra
sangue endurecido
para servir aos que não vivem.
Sem brilho
enganam-se pensando que
certamente lhes brilhará a vida,
o destino, a felicidade.
Esta tambem ja nasce morta.

No cinza-chumbo do céu azul
que encobre uma cinzenta cidade
colorindo-se os corpos,
vestimentas,
os sarcófagos e as paredes,
como se assim fizessem desaparecer
a tristeza da existência inútil.
Que pensa que viveu.


31/05/2010.
Nas estradas

.

2 comentários:

Furlan disse...

Que força! Que coisa linda!
Mas as aves necrófagas há, sim. E há muitas, além de mim...

Dona Sra. Urtigão disse...

Puxa! Não as vi por kms e kms de rodoanel e marginais. Mas cadáveres, sim, havia.

PROCURO UMA CLAREIRA, UMA OCARA, UM ESPAÇO, PARA ENCONTROS E TROCAS

BEM VINDO !

AQUI SEGUEM OS RELATOS DAS MINHAS AVENTURAS E DESVENTURAS, SÒZINHA OU COM MINHA FAMÍLIA ONDE MUITOS NÃO GOSTAM DA MATA OU DE MIM.

Reinício em 11/02/2011