
Sempre que estou perto, estou longe.
Por viver dividida, vivo também multiplicando-me.
Os caminhos que me levam, afastam-me.
A ponte é ao mesmo tempo rio.
Os lugares onde durmo são os mesmos que me tiram o sono.
Por isso minha alma e meu corpo não encontram paz.
Porque a paz de cá é a carência de lá. Angústia.
E lá é ao mesmo tempo cá, e lá, e cá, moto perpétuo.
Infinito. Ponto de vista. Depende de onde avisto.
Eterno e contínuo, continuo a busca.
E lá ou cá, não estou em nenhum lugar, porque estou em todos.
Lao Tse tinha razão ao afirmar para que não nos afastemos de onde nascemos.
Mas agora, que outros nasceram em outros lugares, como fazer?
Como viver, se a saudade é um pouco o morrer.
Como estar, se já quero ir, se ao chegar já é preciso partir.
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