Bem, ainda tenho crônicas a postar lá, mas quero desabafar e se ficar deixando para depois, estará cada vez mais diacrônico.
Cheguei de viagem no sábado, dia 10, e em casa, à noite. Descansei domingo, quer dizer, nem tanto pois assumi a função de cuidar de minha mãe, as meninas haviam saido cedo, no sábado mesmo, para merecidas férias. Assumi, com a ajuda de uma pessoa que elas contrataram, pois sabem bem das minhas dificuldades com ela. Mesmo assim, a ajuda é por poucas horas do dia, para banho, coisas assim. Para o mais, os quero-quero, sou eu mesma. Na segunda cedo, resolvo aproveitar enquanto a "cuidadora" estava em casa para ir ao dentista, resolver um pequeno probleminha, para que não se tornasse um grande problema. Resultado da minha prevenção, um imenso edema na face no dia seguinte. Ou melhor, a formação de um abcesso. Tá bom, eu sempre soube que a cada vez que passo algo bom, vem a "compensação". Os amigos de mais tempo lembram, né, quando voltei da Escócia.
Remédios para o abcesso, e para o estômago. Sou estressada e com alguns defeitos de fabricação; já tive úlceras de duodeno repetidas vezes, antibióticos e antiinflamatório, são uma combinação explosiva para mim. Mas indispensáveis agora. E repouso, conforme prescrito. Piada, né?
Quarta feira, mal abro o olho esquerdo, a infiltração atinge até o interior da narina e próximo à orelha. PQP! Vou abrir o portão para a cuidadora, um cachorro, ou cadela, minha defensora, que prendi na corrente para a senhora entrar, movida sei lá por quais sentimentos, rompe a coleira, ataca a mulher, morde, rasga as calças da tal senhora, que foge e furiosa, com razão, diz que não volta nunca mais. Vai mandar a conta dos prejuizos. Não posso chorar, vai inchar mais ainda! Quem vai trocar as fraldas da velha? Telefono, peço socorro à esposa do rapaz que limpa meu quintal, ela vem assim que pode, tem filho pequeno, bem, salva mais uma vez por essa família. Quarta, quinta, sexta, dentro de uma quase normalidade, não fôsse pelo rosto que não desincha, a dor, e ainda ter que cozinhar e demais cuidados. Só estou livre de ter que dar banho e da fralda principal, a mais nojenta.
Tempestade em Cabo Frio. Enchentes. No sábado a moça não vem, o bairro dela foi muito afetado, a família tambem precisa dela, eu presumo. Sua casa está em obras. De repente, começa a aparecer água dentro da minha casa. A princípio, entrando pelo ralo do lavabo. Vou tirando com baldes. Dos grandes. Um, dois, vinte, parei de contar, rápido, rápido. A água começa a subir muito depressa, a espalhar-se por toda a casa, não sei se boto as coisas "no alto", sofás, eletrodomésticos, são pesados, estou sòzinha com a "mãe" deitada na cama e dando palpite errado e irritantes, o que fazer, se continuo a tirar a água, se fujo e abandono tudo. A rua não está alagada. A água surge do chão, dos batentes das portas, de todo lado. Telefono para o salvador, o jardineiro do vizinho, que é quem cuida tambem daqui, mas mora em outro bairro, graças, ele chega em menos de 10 minutos, traz um sobrinho para ajudar. Depressa, depressa, a água entra mais rápido do que nós tres conseguimos tirar, mas a rua continua sem estar alagada. Ele explica ( sou nova nesta cidade) o solo arenoso encharcado não drena e com a maré alta o esgoto reflui. Onde moro é pràticamente uma ilha, um antigo mangue, drenado por canais em toda a volta.O solo é só areia. Eu e minhas escolhas. Devia morar em palafita... Até que surge a ideia: eu digo e se conectarmos uma mangueira no ralo e jogar a água para fora? (Não sei como viabilizar isto) e ele acrescenta: e se botar a bomba dágua acoplada à mangueira? O que ele ràpidamente executa e as águas começam a abaixar. Gente, eu passei sêca na Amazonia! Eu morava na terra das enchentes, Petrópolis. Vim alagar aqui! São seis horas de sufoco, a maré já deve estar abaixando! Mas a bomba continua drenando água. São 18:00hs, ele precisa ir para seu emprego de " carteira assinada" é vigia noturno em uma firma. Não pára de chover, menos, mas não pára. Deixa o sistema de drenagem funcionando e vai. Alerta-me para a importancia da vigilância: se a bomba puxar em sêco, vai queimar, mas... se desligar a água pode voltar a subir. O meu filho que mora perto está embarcado, trabalha em plataforma, o outro mora no Rio, as estradas estão perigosas, nem sonho em chamar, uruca basta isso, não quero coisas piores. Passo a noite puxando a água que brota do chão nos quartos e sala, para o lavabo, onde está a drenagem que joga a água na rua. Parece que a água que vai para a rua, volta pelo solo. O rosto ? Ainda bastante edemaciado e ainda dói. Puxa! Os livros dizem que após 48:00hs de antibiótico era para mehorar, foi assim que aprendi, já passam de 96! A bomba fica ligada até as 8:00 da manhã do domingo. E eu ligada pela adrenalina, pelo mêdo, e pela cafeína que tomei para não apagar, não dormir, pelo cansaço. Beleza, antibióticos, antiinflamatórios, cafeína, stress, e ...omeprazol ( Não é marketing, não, é o que fiz para sobreviver).
Começo o domingo com uma mega-faxina: tapetes, algumas almofadas que nem vi que estavam sendo molhadas, o chão imundo e fedorento. E o rosto ainda inchado, um pouco menos e ainda doendo, felizmente bem menos. Começam a doer tambem as costas os braços, as pernas. Um cansaço infinito, mas não dá para parar agora, é necessário" salvar" o que puder, higienizar tudo e sem parar de olhar para o céu. As previsões da meteorologia apontam chuvas para este dia tambem. E ainda dar banho, etc, fazer almoço para aquela que nem assim pára de querer coisas para seu bem estar. Aquela, que nunca cuidou dos filhos, que nem almoço fazia. Tá bom, quero me livrar deste carma para a proxima vida. Castigos tenho de sobra. Acredito que só se tem o que se merece. Tudo bem que tambem tenho bastante benefícios para equilibrar, mas numa hora destas, que revolta!
Por volta do meio dia chega do Rio um filho, com a irmã e o marido. Ela que em fevereiro gritou que se tivesse poder de escolher não seria minha filha (porque na faxina da casa para mudança, fui comprar água com a caçula e esqueci de chamá-la) e depois disso nunca mais falou comigo. Tá, eu dei uma resposta à altura e bem alto, aos gritos. Mas veio comunicar-me que está grávida e feliz. O que mais uma mãe deseja, do que um(a) filho(a) feliz?. Assim. Vou ser mais Vovó. Mas ficou em mim uma sensação desconfortável, eu esperava e ainda espero um pedido de desculpas.
É demais?
Um comentário:
Nada como um belo desabafo, não é, amiga? Mas espero que, agora, tudo tenha sido solucionado. Espero... e torço por você. Bom resto de semana!
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